A
gente acorda todas as manhãs para viver um novo dia, para sentir no rosto a
brisa de um novo começo. Acontece que viver é tão difícil, por vezes até estranho,
mas é também maravilhosamente compensador e gratificante. Dia desses estava
dirigindo e por um breve momento meus olhos se cruzaram com os de minha irmã
caçula que eu amo tanto. A nossa diferença de idade é considerável e ela poderia
ser minha filha... Não, não vou falar idades, por favor, sejamos elegantes...
Ocorre que quando nos vimos, ainda que muito rapidamente, nossos olhos, em
fração de segundos, trocaram mensagens, códigos, pedidos, confissões. Estamos
sempre querendo nos ver, encontrar, abraçar... Nós nos amamos, deve ser isso, mas
eu não parei. A verdade é que eu não poderia parar ali, naquele lugar, tampouco
naquele momento em que eu estava apressadíssimo, então segui com minha vida,
pendências, urgências e compromissos, deixando alguém, que é parte de mim, para
trás. Esse episódio me angustiou tanto desde o ocorrido, que eu tive que mandar
um torpedo para ela agora há pouco na tentativa de me sentir um tanto mais
leve, menos distante. Eu não podia parar... Que besteira que eu fiz e estou
dizendo. Eu deveria ter parado sim! Ainda que bem rapidinho. A gente pensa que detém
a vida, a sorte, o destino, e eis que vem a morte, o azar, ou sei lá mais o quê
de ruim que pode vir e nos devora feito ovelhas indefesas, para sempre. E
então, o que fica? A lembrança, a vontade, um desejo, a história? Não sei, mas
eu estou aprendendo. Saudades de você meu eterno bebê.