Noite dessas, eu e a Jéu estávamos assistindo TV, quando, “para variar”, minha digníssima esposa mudou de canal durante o intervalo comercial. Ô mania que ela tem de fazer isso, viu? Se eu tinha qualquer dúvida sobre herança genética, não a tenho mais, pois o pai dela faz a mesma coisa e eu fico pra morrer quando isso acontece. Detesto que mudem o canal enquanto estou assistindo, mesmo que durante o intervalo apenas. O pior dessas idas e vindas nos canais é que quando começo a me acostumar com o novo, ela já está a mudar para o anterior. Aí é que a minha paciência vai para o beleléu. [...] É curioso o fato de que a gente convive durante anos com uma pessoa e, ainda assim, não consegue se acostumar com as manias que ela tem. E não se acostumar com os defeitos do outro nada tem a ver com deixar de amar, tá? Não estou querendo dizer isso. Bem, mas falar das manias do ser amado não é o cerne deste post. Não desta vez. Prometo até, algum dia, falar sobre tal assunto que, inclusive, me renderia longos parágrafos, pois eu e a Jéu somos campeões em manias. Temos inúmeras delas, algumas individuais e tantas outras que já são manias nossas mesmo, do casal. É isso aí... Mas voltando ao “núcleo celular” deste post, devo dizer que numa dessas navegadas de canal de minha amada Jéu, eis que observo com meus olhos de lince, durante alguns rápidos segundos, no canto esquerdo do vídeo, como que numa aparição rara, um lampejo, uma dançarina de programa de auditório dançando, se balançando, se contorcendo toda, fazendo caras e bocas, como todas as garotas de auditório fazem. Até aí nada além. Entretanto, o mais inusitado vocês não sabem. Pasmem: _ Ela ainda não tinha silicone. Como um animal em extinção, a mulher destoava geral das demais bailarinas esvoaçantes que desafiavam a gravidade naquele palco. Confesso que doeu-me os olhos já tão calejados de ver e até achar natural aqueles peitos enormes que mal cabem nos topes. A impressão que dá é que eles vão saltar aos decotes e vão parar em nosso colo, enquanto assistimos. [É a TV brasileira...] Ah! Além de não ser turbinada, ela também não tinha aquelas coxas e bunda descomunais das outras dançarinas, que me lembram as negas-malucas do estádio. Fiquei, durante algum tempo, me perguntando o que aquela pobre moça estava fazendo ali e cheguei à conclusão de que ela, logo logo seria tragada para uma mesa de cirurgia e/ou academia de ginástica. Com personal, é claro, que é chique e tá na moda. Sei não! Olha, para ser sincero, eu nem sou contra o tal do implante de silicone, bom que se ressalte, aliás, não sou contra quaisquer outras técnicas utilizadas atualmente a fim de que as pessoas possam atingir o padrão de beleza contemporâneo, afinal, para isso é que existe o tal do livre arbítrio, não é mesmo? Cada cal cuida de si, da sua própria vida e a luta continua companheiro. Ruim é quando a coisa foge ao controle ou é feita sem critério algum. Pensando naquela dançarina [que em breve estará de licença médica, convalescendo num pós-operatório] tão “despeitada”, [refiro-me ao sentido léxico da palavra, viu? E não aceito trocadilhos] lembrei-me daquela pseudo celebridade brasileira, que mora fora do país, costumava aparecer no programa do Gugu e perigava perder os seios naturais, inclusive, de tanto que abusou dos mililitros, ops, digo litros de silicone. Não recordo o nome dela e acredito que nem você seja capaz de lembrar, mas certamente do apelido ninguém jamais esquecerá: Boing-Boing. Ela pôs tanto silicone que seus peitos estavam um verdadeiro “estouro!” [dessa vez permito o trocadilho, rsrs] e vejam no que deu tanta vaidade. Pois é, caros leitores e amigos Meio Desligados, a que ponto chegamos, não é mesmo? Há cerca de cinquenta anos, por exemplo, talvez menos, o espanto seria ao ver uma mulher turbinada e não o contrário. Fazer o quê, né? Mas o bom do tempo é justamente isso, o poder que ele tem de nos transformar, de nos permitir, de nos surpreender, nos reinventar, mas acima de tudo, de nos fazer aceitar. Beijo!