Meu bem,
Quando se ama é assim. A gente parte já pensando em voltar. Na verdade, a gente nem quer partir, mas, se tem mesmo que ir, então a gente vai, mas com o coração partido, com a alma sangrando, pensando no que ficou para trás. Em quem ficou para trás.
É apenas um dia de viagem, alguns quilômetros a nos separar, um ônibus, uma balsa... E ainda assim dói. Por mais que a viagem seja boa, a estrada verde, a brisa no ar seja fresca e as paisagens surreais, ainda assim ficam o apego, o encanto de uma vida a dois, a saudade que alfineta a carne, a ânsia pelo regresso, a sede das bocas doces que só se saciam nas mesmas bocas (e isso é lindo demais), a vontade de que o tempo passe veloz.
Fica o nó na garganta pela palavra não dita, pelos beijos que deixaram de ser dados, pelos toques e carícias que não se concretizarão nesta noite fria de inverno, fica a cama vazia (uma ilha inóspita) faltando o que há de mais sagrado, o que há de mais completo, de mais perfeito. Você.
Estou indo, mas me espera que já estou voltando para os teus braços, para o teu calor, para a nossa cama, para a tua primavera, para as nossas fantasias, pra ficar ao seu lado, para assistirmos filmes comendo pipoca, para matar a saudade que quer me matar, para acreditar e te amar até o fim.
Sandes