domingo, 20 de março de 2011

Vento Sul



Que mania mais chata que as pessoas têm de, ao ultrapassarem um carro, olharem para ver o condutor do veículo ultrapassado. Eles olham pra gente com aquela cara de quem olha para o vaso sanitário após ter depositado lá o que não serve. Hoje à tarde foi assim. Estava eu dirigindo na Avenida 2 de Julho, sentindo aquela brisa fresca vindo do mar, tranquilamente, descortinando a beleza da Baia do Pontal e do Morro de Pernambuco quando alguém me ultrapassou em alta velocidade e deu a básica olhadinha para ver quem era o roda-presa que estava na frente dele. Eu nem liguei, sabe? E até senti pena dele por trafegar tão apressado a ponto de desconsiderar tamanha beleza e encanto naturais, por aparentar estar tão irritado e por deixar para trás tanta perfeição, sem ao menos contemplá-la. Eu sei que, na correria dos dias, nem sempre sobra tempo para apreciar a natureza, a estrada, a vida, sei lá. Mas hoje eu estava sem pressa, estava desfilando pela avenida, sorvendo aquele ar puro, sentindo aquele vento fresco, quase gelado, tocando a minha pele, inundando os meus poros e pude então perceber o quanto nos tornamos acelerados, impacientes, inquietos, frenéticos... Me deu uma vontade imensa de ficar ali parado para sempre, recortando o tempo, costurando aquele momento, eternizando-o. Não era data especial, era só um dia comum em que eu não estava apressado, não iria trabalhar nem tinha compromissos. A Jéu estava trabalhando e naquele instante eramos só eu, a paisagem, o meu carro a menos de 40 por hora e o sibilar do vento sul, cortando o silêncio de uma tarde amena de final de verão. Momentos de traquilidade como esse é que quero para as nossas vidas.


2 comentários:

  1. Caríssimo, há uma pergunta que não quer calar: você trafegou no canto direito (na pista de menor velocidade), com esses "menos de 40 km/h"? kkkkkk!

    ResponderExcluir
  2. Eu pude com essa postagem sentir eese vento tocar meu rosto...rs...bjs amigo!!!

    ResponderExcluir