sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Quanto barulho...


Ontem à noite custei a dormir, digerindo um monte de opiniões que eu havia escutado no decorrer desta semana, de pessoas que haviam assistido ao vídeo da pedagoga baiana Jaqueline, dançando a música “Todo enfiado”, no palco da banda, até então desconhecida, chamada O troco, cuja performance fora gravada e posteriormente exibida no site You tube, alcançando, em 3 meses, cerca de 100 mil acessos. Eu estava eufórico para postar a minha opinião, por isso a minha insônia. Primeiro vou falar da falta de senso do ridículo que se tornou a disputa das bandas baianas pela posição de primeiro lugar para quem gravar a música com letra mais descabida, vulgar, vazia e desprovida de respeito, sobretudo à figura feminina. E o pior é que muitas delas gostam e até vibram ao reproduzirem fielmente as despudoradas coreografias e ao repetirem os apelativos refrões como “... Me chama de cachorra que eu falo au, au, me chama de gatinha que eu falo miau...” “...Desce e sobe com a mão no tabaco...” “...Toma vara, toma vara...” “... Na boca do povo ela é a pior, na boca do lixo ela é a melhor...” “...Perereca pra frente e perereca pra trás...” “ ...Rala a tcheca no asfalto...” “... Rala e fica no chão...” Arg! É deprimente ouvir tanta asneira e assistir a tanta patifaria. Ando farto de tanto “segura o Tchan”. Mas uma coisa eu preciso reconhecer: É preciso muita criatividade pra criar tanta bobagem. Céus. E o pior é que esse movimento é considerado manifestação cultural. Huáhuáhuá. Ora vejam... Só mesmo tomando um Plasil pra segurar o enjoo. Eu assisti ao vídeo e fiquei chocado não pelo fato de a Jaqueline ser professora infantil, até porque ela nem estava de serviço. A Carla Perez e a Kelly Key também são artistas voltadas para o público infantil e nem por isso deixam de posar nuas ou de dançarem de maneira provocante, capaz de despertar a sensualidade e a libido nos pequenos. O meu espanto ao assistir ao vídeo da Jaqueline foi exclusivamente pela falta de dignidade, de recato e até de amor próprio. É lamentável, mas quem somos nós para julgá-la, não é mesmo? Até porque vivemos no país da CPI onde tudo que é imoral é engavetado. Lembram do caso José Sarney, o senador antiético que não foi cassado? Pois é, tudo foi arquivado. Lembram do Bispo Edir Macedo, que mesmo flagrado em farras construiu um império, e apesar de pregar o desapego material é partícipe de um esquema covarde de lavagem de dinheiro, custeado pela fé de brasileiros? E ainda vai pra TV dizer que está sendo perseguido pela Rede Globo. Que seja perseguição, mas ele dá margem... Lembram do Padre Aparecido Donizete Bianchi, detido pela polícia paulista acusado de dirigir embriagado, atropelar dois motociclistas, omitir socorro e negar-se a fazer o teste do bafômetro? Pois é, foi perdoado pelo bispo Paulo Mendes, que decidiu ainda, por não afastá-lo da igreja durante o processo, mesmo sabendo que o padre já respondeu processo por dirigir embriagado. Que vergonha! A minha intenção com esta postagem não é tentar justificar o excesso cometido pela educadora. Longe disso. Mas, promover uma reflexão. Será justa a demissão da professora dançarina? Certamente que não, se a sua falta for comparada à falta dos imorais que recebem auxílios moradia e combustível, passagens aéreas que são utilizadas por eles e indevidamente por seus familiares, e tantas outras prerrogativas para não honrarem aqueles que o elegeram. Querem saber? Hipocrisias à parte: É muito barulho por quase nada.

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