Quando eu era mais jovem e estava no colegial, lembro-me bem que o estereotipo de mulher ideal, que fazia a cabeça das adolescentes e despertava a libido dos garotos, era aquele em que a mulher tinha corpo delgado, cabelo cacheado e seios pequenos. Tanto é, que a garota que tivesse seios fartos tinha que submeter-se a procedimento cirúrgico para a retirada do excesso. Do contrário, teria que se trancar em casa, pois não tinha muita chance com os carinhas, além de ser ridicularizada com apelidos pejorativos na escola, tipo: vaca leiteira, tchutcholina e palavrões menos edificantes, que prefiro não relatar aqui. Mas como toda moda é efêmera e com prazo de validade determinado, hoje em dia, tudo mudou e os conceitos de beleza são outros e bem diferentes. A mulher dos anos 10 precisa ter os cabelos lisos, ser loira, sarada e turbinada para alcançar o novo modelo de beleza. E para isso vale tudo: Clareamento de pele, recorrer à medicina ortomolecular, fazer inúmeras sessões de lipoaspiração, lipoescultura e até implantar próteses de silicone com quantidades de mililitros cada vez maiores nos seios, nádegas, face e onde mais desejarem. Para estar na moda vale qualquer sacrifício, inclusive, enlourecer os cabelos, ainda que crespos e que contrastem com a cor da pele. Bom senso, nesses casos, é o que menos interessa. Importante mesmo é enlourecer, pois quanto mais louro for o tom dos cabelos, maiores serão as chances de a moça atingir o “sucesso”, por ela tão almejado. É a partir desse movimento que surgem as mulheres frutas, que por preocupar-se tanto com a estética, acabam tornando-se mulheres frutas só que sem polpa. Mas quem se importa se elas não têm conteúdo, se o que elas apresentam, ainda que nas entressafras, consegue encher as páginas da Playboy? O problema é que, como já disse no início deste post, a moda é mutável e inconstante e o que era aceitável ontem, hoje já não é, e amanhã, certamente, o que hoje é retrô, será tendência. Portanto, como hoje o movimento é clarear e tubinar, amanhã poderá ser escurecer e desbastar. Mas enfim, quanto à cor dos cabelos, tudo bem, é bem mais simples voltar atrás. Já a onda da turbinagem para se ter seios fartos, [que, acredito eu, já deve estar com seus dias contados para terminar] será bem mais traumático para o corpo e para a mente das adeptas do silicone, que terão de recorrer novamente ao bisturi, mas dessa vez para retirá-los, não por problemas de saúde, visto que está tudo tão mais seguro atualmente, mas para seguir os ditames da mídia, da vaidade e do consumismo exacerbados. Por isso, geração silicone, aproveite o momento, pois em breve a moda poderá exigir a retirada deles. Quem sabe não será esse o último grito da moda para a próxima estação?