Nesse final de semana eu e a Jéu fomos convidados para uma festa em que foi celebrado um contrato de união estável. A verdade é que o termo contrato de união estável soa prático e técnico demais para descrever o que testemunhei naquela noite. O que vi, senti e ouvi representava bem mais que uma simples escritura lavrada em cartório para reconhecer e garantir os direitos civis aos cônjuges. Era tão mais que isso que a expressão contrato de união estável não dá conta de traduzir, a fundo, o que ela pode vir a significar, sobretudo para as noivas. Isso mesmo, noivas. E não se trata aqui de um erro de digitação quanto à escolha do gênero. Aliás, erro, se houver, talvez não seja humano, ou deste escritor que vos bloga, mas sim, da natureza quem sabe, pois ela, às vezes, também falha, tal qual nós humanos. Já ouvi muita gente boa e por quem, inclusive, tenho bastante apreço, dizer que diferentes preferências sexuais são aberrações, falta de vergonha, opção, safadeza e até possessão demoníaca. Mas eu, embora não possua nenhum embasamento teórico-científico a respeito, não consigo imaginar que atração homo afetiva seja derivada de nenhuma dessas denominações. Tampouco venho a crer nas famigeradas expressões “opção ou orientação sexual”, mas sim em condição sexual, eu diria, pois me custa crer que alguém venha a optar enfrentar uma sociedade inteira e até a própria natureza só para ser diferente. Acredito que a homossexualidade seja algo inerente e que independe de opção, pois o indivíduo nessa condição, pode até vir a negar a sua verdadeira essência, tentando ser quem nunca houvera sido, assumindo relacionamentos héteros, até que um dia ele será honesto consigo e seguirá o seu caminho. O meu intento, com este artigo, passa longe de derrubar barreiras, abraçar causas ou apoiar minorias, tanto que nunca discorri sobre este tema aqui no Meio Desligado. Entretanto, me senti estimulado [e por que não instigado?] a escrever sobre, para pintar o amor bonito, puro, companheiro, sincero, contagiante e verdadeiro que venho acompanhando há alguns anos entre as amigas e leitoras Meio Desligadas Tika e Carina, pessoas solares a quem carinhosamente chamamos de Tikari, e para quem fiz o post “Tikari”, dias atrás, demonstrando a minha amizade o meu total carinho e afeto por elas. O amor que existe entre essas duas mulheres foi parar num cartório e teve direito a bolo, festa, champanhe, família, amigos, sorrisos, fotos, lágrimas e todas as prerrogativas mais a que todo cidadão tem direito. Não temos o direito de julgar alguém por sua opção/condição sexual, aliás, isso nunca passou por minha cabeça desde muito jovem. Não podemos depreciar ou fazer juízo de valor sobre aquilo que não sabemos ou conhecemos. É arriscado e leviano demais. Já pensou se algum dia a ciência provar que homo afetividade, já observada até em animais, nada tem a ver com escolha? “Existem mais coisas entre o céu e a terra do que julga a nossa vã filosofia”, portanto... Temos o direito de julgar as pessoas pela falta de amor, de respeito e compaixão ao próximo, de honestidade, de humanidade, de equidade, de tolerância seja ela de qual natureza for e de lutar por um mundo em que as pessoas se amem e se respeitem independente de quem amem, contanto que realmente amem. Assim penso. Bem, a partir de agora, fica a minha voz, o meu recado, abertos ao público. Não peço, não quero e nem pretendo que todos concordem comigo, afinal é para isso que existe a tal da liberdade de expressão e pensamento. Apenas peço que respeitem o meu direito de dizê-las e de acreditar num mundo em que todos sejam iguais em matéria, ainda que aparentemente diferentes. [...] Ah! Como disse anteriormente, a festa foi linda e teve tudo o que deveria, inclusive os votos das noivas, o que achei de uma graciosidade tamanha, e na hora gritei: _ Isso vai para o blog! [rsrs] Eu tinha que compartilhar isso com vocês. Abraços a todos!
Votos de Carina: Como iniciar a falar de um sentimento que não sei onde começa e nem onde termina? Quando recebi a incumbência de escrever meus votos, deparei-me com uma das coisas mais difíceis que já tive na vida... Por que, quais são as palavras certas, quais as mais belas e as mais profundas para descrever o que sinto num momento tão singular e tão importante da nossa vida? Nunca me imaginei numa situação dessas. Nunca tive o sonho de casar de verdade assim... e quem diria, nós o casal mais anti convencional da família e dos amigos, num momento tão tradicional... Mas vou parar de enrolar e dizer que a palavra mais adequada que encontrei para você hoje foi TERNURA. Então, tradicionalmente eu preciso dizer que não apenas a amarei com toda a minha vida, mas também, terás o meu amor terno, porque nada mais justo do que doar o melhor de mim para quem me traz tanta felicidade e tanto amor. Quero sim, morrer em teus braços de “amar mais do que pude” Mas quero ir além e transformar: Impaciência em ternura; Grosserias em ternura; Lembranças em ternura; Atrasos em ternura; Falhas de comunicação em ternura, porque é o que você merece de mim meu amor mesmo quando estiver de TPM. Amo você muito e amiúde!
Votos de Tika: Eu agradeço todos os dias por tudo o que Papai do Céu tem me dado. Não posso negar que tudo que pedi, eu recebi. Quando criança, lembro que queria um emprego em que eu viajasse o tempo todo, falasse inglês e que fosse famosa. Aqui estou: Indo para Arataca toda semana dar aula de inglês e todo mundo me conhece. Depois fiz a lista como eu queria a minha cara-metade e você veio do jeitinho que eu pedi. E me desculpa por não ter mencionado a altura na minha lista, rsrs. Com essa minha vida abençoada, eu não poderia pedir mais nada. Sei que toda mulher deseja viver um relacionamento daqueles de comédias românticas, e até isso eu consegui. Minha vida com você é baseada em “Como se fosse a 1ª vez.” Viver com você é uma emoção diária, é sempre um novo dia, é sempre uma novidade. As coisas mais simples se tornam manchetes fresquinhas o tempo inteiro, quantas vezes eu quiser. Basta eu ter disposição para contá-las. O casamento é isso: Só é bom quando é cada vez melhor. E com você é assim: A gente cresce junto e conquista a mais deliciosa intimidade. E em nossa intimidade eu encontrei a perfeição. Na perfeição de nossas coincidências, na perfeição de nossas diferentes semelhanças, de nossa paz. Com você eu aprendi a apreciar suas qualidades, mas mais que isso, aprendi a tolerar os seus defeitos até achá-los engraçadinhos e sublimá-los. Com você me divirto o tempo todo. Somos cúmplices, somos companheiras, somos as melhores amigas. Eu me apaixono por você todos os dias. E estamos unidas por um amor incondicional.
Uma cerimônia que jamais imaginei presenciar, mas que, certamente, jamais poderei esquecer. E antes que eu me esqueça: Felicidades ao casal!