sábado, 13 de março de 2010

Por amor?


Por que as pessoas matam em nome do amor? Certamente que matam não por amor, mas pela ausência dele. Matam por não conseguirem encarar a vida, a verdade... Por não admitirem que exista vida após uma separação. Por egoísmo, por carência afetiva. Por julgarem que apenas uma pessoa é capaz torná-las felizes. Por desconhecerem que cada um é responsável pela própria felicidade. Ou por não permitirem a presença constante de Deus em suas vidas e em suas decisões. Em nome do amor, quantos desatinos, quanto barbarismo, quanta perversidade! É surpreendente a frase: "Se não ficar comigo, não ficará com mais ninguém." É preferível ver a pessoa amada morta a não estar com ela. Quem pensa ou diz um absurdo desses, não conhece o significado da palavra amor. Amar não significa ter privilégios exclusivos sobre a pessoa amada. Existe aí uma distorção do que é o amor. Por que, por amar, as pessoas se consideram donas, proprietárias das outras? Por que o amor pode nos levar a tomar decisões que não nos competem? Por que o amor nos diz que podemos viver a vida dos outros, esquecendo-nos da nossa própria existência? Por amor muitos degradam, humilham, levam à loucura, provocam suicídios e até matam. No começo da semana, pela manhã, estava numa lotérica pagando uma conta quando escutei duas pessoas comentando sobre o homicídio ocorrido há poucas horas no Alto São Domingos, aqui em Ilhéus. Um homem, inconformado com separação ocorrida um ano atrás, havia matado a ex-mulher, de quarenta e poucos anos de idade. Felizmente, o assassino foi capturado pela Polícia Civil, cerca de três dias depois, no Bairro São Miguel, enquanto pescava. Que ridículo! O cara mata uma pessoa e dias depois vai pescar. Ao menos para ele a vida seguiria inalterada. Quando uma pessoa assume uma postura agressiva, exigente ou ameaçadora, em nome do amor, está apenas satisfazendo seu desejo de posse. O que dizer então, quando em nome desse amor que alega ter, essa pessoa ceifa a vida do outro? Será que foi realmente o amor quem fez esse cidadão assassinar sua ex-esposa, só pelo fato de ela não o querer mais? Esse tipo de amor mesquinho, sufocante, egocêntrico, cruel e nefasto, certamente não é o amor que conheço. Esse é um amor obscuro, sombrio, que aprisiona, que não compreende, que não faz feliz, que não se doa. É um sentimento de posse descabido e inumano. O amor que conheço é verdadeiro e permite-me amar a outra pessoa por ela mesma. Permite sentir-me de tal maneira atraído, que só desejo a sua felicidade. Tendo a mim, ao seu lado, ou não. Viver um amor não é sempre essa maravilha que todos pensam ser... Amar confunde e dói. Às vezes machuca a alma, extingue as esperanças e acaba com a vida, seja a nossa própria ou a de quem se ama. Nem por isso temos o direito de nos tornarmos senhores onipotentes para julgar as decisões que o ser amado toma. De nos tornarmos deuses justiceiros, acima do bem e do mal. O verdadeiro amor ajuda a crescer, desenvolve, não destrói, nem aniquila. Por amor somos capazes de grandes renúncias e de magníficos atos. Matar por amor é uma expressão extrema de falta de amor. Precisava postar isso, pois estava engasgado desde a segunda-feira.


Um comentário:

  1. Infelizmente o verdadeiro sentimento de amar e ser amado tem sido para poucos. Há poucos meses perdi uma amiga, também assassinada pelo ex namorado. Agora presenciamos a morte de Isabela Nardoni, pelo próprio pai. Isso é amor?Há mais psicopatas espalhados por ai do que imaginamos.Só devemos nos apegar a Deus, para que Ele nos proteja de todo o mal.

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